Em
1 de julho de 1994, começava a circular no Brasil o Real (R$), a nova moeda
brasileira fomentada pelo Plano Real, lançado, oficialmente, no dia anterior.
Nesta
época, eu estava no início da minha faculdade de Economia e ver a elaboração e
implementação de uma nova moeda, sendo que estavámos vivendo um caos econômico,
com inflação elevadíssima, foi algo estimulante, que sem dúvida, me deixou mais
apaixonada por assuntos econômicos e defensora número um deste plano que fez
nossas vidas mudarem. A idealização do projeto e sua execução contaram com a
contribuição de vários economistas, como André
Lara Resende, Edmar Bacha, Pérsio Arida, Gustavo Franco e Pedro Malan, reunidos pelo então Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando
Henrique Cardoso.
Eu
já havia estudado muitas tentativas de controle inflacionário fracassadas e
todos elas eram baseados em congelamentos de preços. Este novo plano não! Era
uma nova moeda, que teve uma transição feita por outra chamada URV (Unidade
Real de Valor) e que era forte, pois foi fixada em um câmbio valorizado.
Cada real equivalia a uma URV, que, por sua vez,
valia 2.750 cruzeiros reais, moeda em vigor até o dia anterior. Definida como
uma quase-moeda, a URV funcionava como uma unidade de troca, que alinhava os
preços em cruzeiros reais a uma média de índices de inflação da época. Em vigor
de março a junho de 1994, a URV, promoveu a dolarização inteligente da economia
sem abrir mão da moeda nacional, pois cada URV valia um dólar e assim, o real
iniciou sua trajetória também cotado a um dólar.
O programa foi a mais ousada e eficiente medida
econômica já implementada no Brasil e tinha como objetivo principal o controle
da hiperinflação que assolava os brasileiros até então. Em 1994, a inflação acumulada
até julho foi de 815,60%, já a primeira inflação registrada sob efeito da nova
moeda foi de 6,08%, mínima recorde durante muitos anos.
Nesses
últimos 20 anos, o país enfrentou três grandes crises mundiais, teve dois nomes
a frente do Ministério da Fazenda e três presidentes. Atualmente, prestes ao completar 20 anos, o real entra em nova fase de desafios.
Depois de andar durante anos afastada dos noticiários, a inflação começou a
atrair atenção a partir de 2010, quando se aproximou do teto da meta anual de
6,5% estabelecida pelo Banco Central.
Outro grande problema da economia
brasileira hoje está ligado à política fiscal, o ideal seria se a gente tivesse
criado uma política fiscal consistente com juro baixo.
O
Plano Real entrou para a história como o episódio que acabou com a inflação e
inaugurou um novo ciclo econômico. Sem inflação a sociedade
brasileira mudou, mas o Brasil continua sendo um país com renda média baixa,
com problemas graves na educação, saúde, segurança. Para avançar nestes
aspectos sociais era preciso estar economicamente estável, pois vivendo
turbulências econômicas não é possível se concentrar e conseguir êxito nestes
aspectos. Isso foi feito! Hoje, a economia está estável, apesar, de na minha
opnião estar um pouco mais vulnerável que há alguns anos atrás, é preciso agora
avançar em programas tão eficientes quando o Plano Real em outras áreas e não
só fazer o país crescer mas, principalmente, desenvolver!