segunda-feira, 4 de agosto de 2014

20 anos de Plano Real




Em 1 de julho de 1994, começava a circular no Brasil o Real (R$), a nova moeda brasileira fomentada pelo Plano Real, lançado, oficialmente, no dia anterior.
Nesta época, eu estava no início da minha faculdade de Economia e ver a elaboração e implementação de uma nova moeda, sendo que estavámos vivendo um caos econômico, com inflação elevadíssima, foi algo estimulante, que sem dúvida, me deixou mais apaixonada por assuntos econômicos e defensora número um deste plano que fez nossas vidas mudarem. A idealização do projeto e sua execução contaram com a contribuição de vários economistas, como André Lara Resende, Edmar Bacha, Pérsio Arida, Gustavo Franco e Pedro Malan, reunidos pelo então Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso.


Eu já havia estudado muitas tentativas de controle inflacionário fracassadas e todos elas eram baseados em congelamentos de preços. Este novo plano não! Era uma nova moeda, que teve uma transição feita por outra chamada URV (Unidade Real de Valor) e que era forte, pois foi fixada em um câmbio valorizado.
Cada real equivalia a uma URV, que, por sua vez, valia 2.750 cruzeiros reais, moeda em vigor até o dia anterior. Definida como uma quase-moeda, a URV funcionava como uma unidade de troca, que alinhava os preços em cruzeiros reais a uma média de índices de inflação da época. Em vigor de março a junho de 1994, a URV, promoveu a dolarização inteligente da economia sem abrir mão da moeda nacional, pois cada URV valia um dólar e assim, o real iniciou sua trajetória também cotado a um dólar.
O programa foi a mais ousada e eficiente medida econômica já implementada no Brasil e tinha como objetivo principal o controle da hiperinflação que assolava os brasileiros até então. Em 1994, a inflação acumulada até julho foi de 815,60%, já a primeira inflação registrada sob efeito da nova moeda foi de 6,08%, mínima recorde durante muitos anos.


Nesses últimos 20 anos, o país enfrentou três grandes crises mundiais, teve dois nomes a frente do Ministério da Fazenda e três presidentes. Atualmente, prestes ao completar 20 anos, o real entra em nova fase de desafios. Depois de andar durante anos afastada dos noticiários, a inflação começou a atrair atenção a partir de 2010, quando se aproximou do teto da meta anual de 6,5% estabelecida pelo Banco Central. 

Outro grande problema da economia brasileira hoje está ligado à política fiscal, o ideal seria se a gente tivesse criado uma política fiscal consistente com juro baixo.


O Plano Real entrou para a história como o episódio que acabou com a inflação e inaugurou um novo ciclo econômico. Sem inflação a sociedade brasileira mudou, mas o Brasil continua sendo um país com renda média baixa, com problemas graves na educação, saúde, segurança. Para avançar nestes aspectos sociais era preciso estar economicamente estável, pois vivendo turbulências econômicas não é possível se concentrar e conseguir êxito nestes aspectos. Isso foi feito! Hoje, a economia está estável, apesar, de na minha opnião estar um pouco mais vulnerável que há alguns anos atrás, é preciso agora avançar em programas tão eficientes quando o Plano Real em outras áreas e não só fazer o país crescer mas, principalmente, desenvolver!


O Combate à inflação continua



De acordo com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, a inflação do mês de maio caiu e deve manter esta mesma trajetória em junho! Este resultado é um grande alívio para o Governo e para a população brasileira.

O que aconteceu foi que o preço dos alimentos subiu menos de abril para maio, influenciando o comportamento da prévia da inflação oficial. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) desacelerou para 0,58% em maio, depois de avançar 0,78% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio de 2013, o índice ficou em 0,46%.

No acumulado deste ano, o IPCA-15 ficou em 3,51% e, em 12 meses, em 6,31%, próximo ao teto da meta de inflação do governo, que é de 6,5%.

Além da queda dos preços dos alimentos, a taxa de juros elevada também contribiu para este resultado, já que o aumento desta faz com que exista menos crédito e consumo por parte da população.
O Governo tem concentrado todos seus esforços em combater o aumento desta taxa. O grande medo do Governo com relação a inflação brasileira é decorrente ao passado que o país já viveu! Tivemos anos terríveis, onde estes índices chegaram a patamares absurdos. Neste periodo,  a populacão tinha que consumir toda a sua renda no próprio dia do seu pagamento, pois no próximo dia, o valor recebido não tinha o mesmo poder de compra anterior.
Podemos dizer que hoje em dia o poder de compra da população brasileira está preservado e temos a estabilidade de preços na economia do país.

A inflação pode apresentar diferentes níveis de gravidade. Podemos classificar a inflação em três categorias: moderada, galopante e hiperinflação.

A inflação moderada é aquela onde os preços aumentam lentamente, com uma taxa de um só dígito, ou seja, uma taxa inferior a 10 por cento ao ano. Em condições de inflação moderada e estável, os preços não se afastam significativamente, assim as pessoas não se preocupam em livrar-se do seu dinheiro, rapidamente, pois, a moeda praticamente mantém seu valor de ano para ano.

A inflação galopante é aquela onde os preços começam a subir com taxas de dois a três dígitos com valores de, por exemplo, 20, 100 ou 200 por cento ao ano.

A partir do momento em que a taxa de inflação galopante se instala ocorre problemas econômicos de certa gravidade. A maioria dos contratos começa a ser indexados de acordo com o índice de preços ou com uma moeda estrangeira como o dólar. Como o dinheiro perde o valor rapidamente, as pessoas costumam conservar o mínimo imprescindível, compram bens, como carros, casas, entre outros.

Enquanto a inflação galopante permite a sobrevivência das economias, algumas delas até mesmo com um razoável crescimento, verifica-se uma situação fatal quando a hiperinflação se instala na economia.

As causas da inflação variam de país para país e em um mesmo país essas causas são diferentes em épocas distintas.

O problema inflacionário no Brasil sempre esteve presente e a sociedade brasileira já se deparou com as três categorias de inflação.

De 1980 a 1987 a taxa média de inflação anual foi de 157,35%. Neste período, no Brasil, ocorreu um exemplo de inflação galopante, marcada pela indexação de preços, com taxas inflacionárias de dois a três dígitos, variando de 65% à 415,8% ao ano. No período que abrange 1988 à 1994, o Brasil se deparou com a hiperinflação, apresentando taxa média de inflação anual de 1.391,05%, com variações de 480,2% à 2.707,7% ao ano. Nestes anos, os preços subiam de forma astronômica, à medida que, as pessoas procuravam desesperadamente livrar-se do dinheiro que tinham em mãos, cada vez sendo maior a rapidez do gasto da moeda uma vez recebida.

Desde 1995 temos um exemplo de inflação moderada no Brasil, ou seja, após a adoção do Plano Real a inflação brasileira deixou de crescer de forma assustadora e passou a ter variações lentas. Hoje em dia, as pessoas não se preocupam, como antigamente, em livrar-se do dinheiro com medo da sua desvalorização, ao contrário, a inflação estando em um nível moderado, a moeda praticamente mantém seu valor de ano para ano.

Agora ficou claro porque tanto medo por parte do Governo, não é? É preciso sim estar muito atento a ela. Não queremos e não precisamos mais viver momentos de inflação alta. Por este motivo, pedimos que o Governo faça sua parte e controle-a, bravamente!