Se sairmos por aí no comércio varejista perguntando como
vão as vendas neste início de ano, as respostas serão muito desanimadoras. O
comércio tem vivido uma crise nos últimos meses, pois o consumo das famílias
vem desacelerando desde final do ano passado.
O ritmo das vendas do comércio não cresce tão pouco desde o
final da crise dos anos horríveis de 2001 a 2003, onde o consumo varejista
apresentou índices negativos. As vendas,
que até 2010 avançavam a um ritmo superior a 10% ao ano, desaceleraram para 5%
no acumulado em 12 meses até fevereiro deste ano, período que inclui o natal e
ano-novo. Não é por acaso que os analistas passaram a prever dias difíceis para
o ano de 2014.
Como
podemos entender este fenômeno? Por que está ocorrendo esta moderação do
consumo pelas famílias?
A explicação é dada pelo crescimento mais lento da massa
salarial real, que considera os rendimentos recebidos pelos trabalhadores
descontada a inflação no período, ou seja, os salários que estavam tendo um
aumento real nos últimos anos devido as baixas taxas inflacionárias do país,
ultimamente não estão crescendo a um ritmo tão relevante, ou seja, as famílias
não se sentem tão confortáveis em consumir, já que seu salário não cresce como
antes. A inflação já assume certa
relevância no cenário econômico e a reação natural é contração de consumo, pois
o aumento da inflação corrói o poder de compra das famílias e,
consequentemente, o espaço no orçamento para novas compras.
O aumento das taxas de juros é outro fator importante para
explicar esta retração, já que com os juros mais altos o consumo a longo prazo
perde interesse, pois fica mais caro e inibe seu crescimento. A queda
temporária das taxas de juros que vivemos nos anos anteriores fez com que as
famílias tivessem um crédito facilitado e consumissem mais, porém aquele
consumo que assistimos não voltará a existir até que estas taxas possam voltar
a cair.
Diante do cenário onde os consumidores estão com os “pés
nos freios”, os comerciantes precisam ter cautela e estudar o ambiente que
atuam, pois os estoques estão altos e os meses que virão serão desafiadores. É
hora de comprar menos e tentar vender o que já possuem estocado. Para aqueles
que trabalham com vendas sazonais, como o comércio varejista de vestuário e calçados,
a ordem é comprar o mínimo possível, pois além do problema do desaquecimento do
consumo, o inverno é muito curto, abrangendo poucos meses do ano, podendo
desestabilizar de vez seu negócio!