sexta-feira, 8 de abril de 2011

As Reservas Internacionais brasileiras batem recorde!

As reservas internacionais de um país representam o depósito de moeda estrangeira mantido pelo Banco Central (BACEN) e autoridades monetárias, disponível para uso imediato, ou seja, que possuem total liquidez. No caso brasileiro, estas reservas são constituídas por dólares.

A manutenção de grandes reservas é um sinal de que o país detentor é “capaz” de enfrentar crises ou turbulências econômicas com maior facilidade através da venda destas reservas. Um nível baixo ou em queda pode ser um indicativo de que uma corrida bancária contra a moeda local pode configurar-se em crise monetária. As reservas dão aos bancos centrais poder para minimizar volatilidade e proteger o sistema monetário de choques ou grandes crises especulativas, como os que ocorrem quando especuladores compram e vendem moeda rapidamente.

O Brasil acumula reservas quando entra no mercado de câmbio comprando dólares e diminui reservas quando entra no mercado vendendo dólares. No regime de câmbio flutuante, essas intervenções acontecem quando há um excesso de moeda norte-americana no mercado e a cotação começa a cair muito rapidamente. Para evitar choques no câmbio, o BACEN entra comprando dólares. Ao mesmo tempo, quando há falta de dólares no mercado e o real começa a se desvalorizar rapidamente, o BACEN entra vendendo dólares e o nível das reservas cai.

Muitos economistas e também o atual governo defendem uma política de acumulação de reservas internacionais para que o país tenha um “seguro” contra crises econômicas. Quando ocorrem crises internacionais os especuladores que possuem papéis brasileiros querem vender imediatamente seus títulos, pois não confiam na economia do país, assim, este precisa de dólares em reserva suficiente para pagar estes títulos rapidamente e quitar sua dívida. Em contrapartida, quando os juros sobem, os investidores estrangeiros ficam interessados em se beneficiar destes altos juros, compram títulos públicos brasileiros e assim as reservas sobem.

Vários analistas, por outro lado, têm chamado a atenção para os custos associados à manutenção destes níveis de reservas tão elevado. Ou seja, para comprar dólares e aumentar as reservas internacionais, o governo precisa vender títulos públicos no mercado, que pagam juros próximos de 12% ao ano hoje. Depois, aplicar esse dinheiro a uma taxa próxima de 3% ao ano no exterior, onde os juros são menores. Esta diferença existente entre o retorno da aplicação das reservas em instituições internacionais e o valor pago aos detentores da dívida interna, gera um alto custo para as contas públicas. Para exemplificar, tem-se que a dívida pública aumentou em cerca de US$ 24 bilhões no ano passado com a emissão de títulos e o consequente pagamento das taxas de comissão.

No Brasil, a política de compra de reservas começou em 2004, mas ganhou força nos últimos quatro anos, devido ao aumento no fluxo de dólares para o país. No fim de 2010, as reservas estavam em US$ 288,57 bilhões. Neste ano, o BACEN comprou mais dólares no mercado para conter a desvalorização da moeda norte-americana ante o real e o valor das reservas internacionais chegaram ao recorde de US$300 bilhões, o dobro do registrado há três anos e meio. Este nível jamais foi alcançado por esse indicador de liquidez internacional na história da economia brasileira. O valor exato, divulgado pelo BACEN, é de US$ 300,271 bilhões, mais de meio trilhão de reais.